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Tauromaquia: entre a Tradição e a Contestação
É a tauromaquia um espetáculo artístico ou uma tradição bárbara? É cultura e identidade ou tragédia e tortura animal? Uma viagem pela Península Ibérica, em tempos de mudança.
Fotografia de Bruno Colaço
Entrevistas de Catarina Cruz e Ana Pinto
Webdesign de João Silva
Coordenação de Alfredo Leite
É a tauromaquia um espetáculo artístico ou uma tradição bárbara? É cultura e identidade ou tragédia e tortura animal? Uma viagem pela Península Ibérica, em tempos de mudança.
Fotografia de Bruno Colaço
Entrevistas de Catarina Cruz e Ana Pinto
Webdesign de João Silva
Coordenação de Alfredo Leite
Ao longo da história sempre houve quem estivesse a favor e quem estivesse contra: a bula emitida pelo Papa Pio V em 1567, que ameaçava excomungar quem participasse em touradas, é apenas um dos vários exemplos. Ao longo dos séculos estiveram proibidas por várias ocasiões. Em Portugal estiveram proibidas em 1836 e 1919. Em Espanha, mais recentemente nas Ilhas Canárias, em 1992 e na Catalunha em 2010, depois de uma iniciativa legislativa popular. Em alguns casos as proibições duraram anos, noutros duraram meses, sendo revogadas depois de muito descontentamento popular. Na Catalunha e nas Ilhas Canárias continuam proibidas até aos dias de hoje.
Atualmente existem 8 países onde ainda é possível assistir a uma tourada: Portugal, Espanha e França, na Europa; Colômbia, México, Equador, Venezuela e Peru, na América Latina.
Mas algo está a mudar. Há mais discussão, mais movimentos cívicos contra a tauromaquia, mais pressão juntos dos decisores políticos e isso tem-se refletido em medidas concretas: em Portugal o IVA cobrado nos bilhetes passou para o escalão máximo, tornando o acesso mais difícil. Também a idade mínima para assistir a uma tourada foi alterada de 12 para 16 anos, por decreto-lei aprovado a 14 de Outubro de 2021, medida que surgiu na sequência do relatório do Comité dos Direitos da Criança das Nações Unidas de 27 de Setembro de 2019, que defendia o aumento da idade mínima para assistir a espectáculos tauromáquicos em Portugal. Entretanto, um pouco por toda a Península Ibérica alguns dos espaços antes dedicados à tauromaquia são reconvertidos em espaços culturais e comerciais, alguns mesmo demolidos.
Por outro lado, alguns festivais taurinos ou eventos como as Festas de São Firmino, que se realizam em Pamplona, no norte de Espanha, continuam a levar milhares de pessoas às ruas e às praças.
É neste contexto que a tauromaquia continua a existir hoje: adorada por uns, odiada por outros. Este trabalho pretende explorar a mudança que está a ocorrer em termos sociais e culturais com a tauromaquia, na Península Ibérica.
Segundo o Ministério da Cultura espanhol, realizaram-se 1546 corridas de touros em 2022. Em 2015 foram 1736, acentuando-se um decréscimo que é atribuído em parte ao facto de algumas praças de touros se terem degradado ou terem sido reconvertidas para outros usos. Em 2022, o número de espectadores caiu pela primeira vez em décadas para números abaixo de 1 milhão, para os 776.000.
Já em Portugal, e segundo a Inspeção Geral das Atividades Culturais, foram realizadas 175 corridas de touros. 143 em praças fixas e 32 em praças ambulantes. Segundo dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística, em 2019, assistiram a touradas em Portugal 283.592 espectadores.
Já em Portugal, e segundo a Inspeção Geral das Atividades Culturais, foram realizadas 175 corridas de touros. 143 em praças fixas e 32 em praças ambulantes. Segundo dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística, em 2019, assistiram a touradas em Portugal 283.592 espectadores.
A questão dos direitos dos animais será por ventura uma das mais fraturantes do nosso tempo. A tauromaquia em particular, gera mais discussão, uma vez que a utilização dos animais não se prende com a alimentação da população, mas sim com o seu entretenimento.
São as populações destes países mais retrógradas, em termos civilizacionais? Ou deve ser respeitada a história, a singularidade e tradição de cada povo? São estes espetáculos assim tão diferentes daqueles que se praticavam na Roma antiga? Pode a cultura ser utilizada como desculpa para maltratar animais? São algumas das questões que aqui lançamos.
Existem argumentos de um lado e do outro da barricada: os amantes das touradas dizem que sem elas a raça do touro bravo não existiria. Defendem que amam o touro, apesar de precipitarem a sua morte numa arena. Alguns defendem ainda que devido aos altos níveis de adrenalina, o touro não sofre enquanto é picado sucessivas vezes.
Os anti-taurinos, por sua vez, acusam este de ser um espetáculo bárbaro, do passado e que deve ser extinto. Defendem que o touro não escolhe estar ali e que sofre em cada etapa. Acusam os toureiros de o ser apenas por dinheiro e de buscarem a glória à custa do sofrimento de um ser vivo.
São as populações destes países mais retrógradas, em termos civilizacionais? Ou deve ser respeitada a história, a singularidade e tradição de cada povo? São estes espetáculos assim tão diferentes daqueles que se praticavam na Roma antiga? Pode a cultura ser utilizada como desculpa para maltratar animais? São algumas das questões que aqui lançamos.
Existem argumentos de um lado e do outro da barricada: os amantes das touradas dizem que sem elas a raça do touro bravo não existiria. Defendem que amam o touro, apesar de precipitarem a sua morte numa arena. Alguns defendem ainda que devido aos altos níveis de adrenalina, o touro não sofre enquanto é picado sucessivas vezes.
Os anti-taurinos, por sua vez, acusam este de ser um espetáculo bárbaro, do passado e que deve ser extinto. Defendem que o touro não escolhe estar ali e que sofre em cada etapa. Acusam os toureiros de o ser apenas por dinheiro e de buscarem a glória à custa do sofrimento de um ser vivo.
O que está a acontecer e onde?
Veja onde ainda se vive intensamente a tauromaquia e onde se luta pela sua abolição. Acompanhe algumas das tradições e mudanças mais expressivas a ocorrer na Península Ibérica.
Tauromaquia: entre a tradição e a contestação
Bruno Colaço
Photojournalist/Documentary Photographer
based in Lisbon, Portugal
Private Story
Tauromaquia: entre a tradição e a contestação
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